Escola troca seguranças por professores de artes e melhora desempenho de alunos Seguir o Blog!
O GLOBO
Orchard Gardens, em Boston, chegou figurar entre as cinco piores do estado americano de Massachusetts e pulou para uma das que aprimorou o ensino mais rapidamente
Cercado por crianças indisciplinadas e pelo aumento de violência dentro das salas de aula, o diretor de uma escola pública de ensino médio da cidade de Boston, nos Estados Unidos, tomou uma medida que, à primeira vista, pareceu loucura: ele demitiu todos os funcionários da segurança e, com o dinheiro, reinvestiu contratando professores de arte. Em menos de três anos, o colégio Orchard Gardens, que figurava entre os cinco piores do estado Massachusetts, tornou-se uma das unidades onde houve maior salto de qualidade no aprendizado de alunos. O segredo? - Não há um único jeito de se fazer uma tarefa. E a arte te ajuda a compreender isso. Se você levar isso a sério, o mesmo acontecerá na parte acadêmica e em outras áreas. Eles precisam mais do que um teste preparatório e mais do que simplesmente responder de um jeito uma questão – disse à rede de TV NBC o diretor Andrew Bott, o sexto a gerir a unidade em menos de sete anos. Ao assumir a direção da Orchard Gardens em 2010, Bott chegou a ouvir de seus colegas que a escola era conhecida como a “matadora de carreiras” dentro da rede estadual de Massachusetts. Construída em 2003 para ser uma referência no mundo das artes, a Orchard Gardens nunca alcançou esse objetivo. O estúdio de dança era usado como depósito, e instrumentos de orquestra estavam praticamente intactos. A violência chegou a tal ponto que alunos foram proibidos de levar mochilas. Tudo para se reduzir a incidência de armas em sala de aula. Cerca de 56% dos mais de 800 alunos da escola são descendentes de latinos, e outros 42% são considerados negros. Mas com a substituição de seguranças por professores de arte, as paredes dos corredores viraram muros de exposição, os entulhos no estúdio deram espaço às aulas de dança e a orquestra voltou a tocar. De acordo com Bott, o contato com as artes deixou os alunos mais motivados e com maior espírito de empreendedorismo. Um dos alunos, Keyvaughn Little, conseguiu ser aceito na disputada Academia de Artes de Boston, única escola pública do estado especializada em artes visuais e de performance. - Todas as aulas extra-classe e a maior atenção que recebemos nos faz pensar ‘eu realmente posso ter um futuro nisso e não preciso ir para uma escola regular. Posso ir para uma escola de artes – afirmou Keyvaughn à NBC.
Tags: arte-educação, desenhos, relações socioemocionais, transformação, violência na escola



Comentários:



Helio Rodrigues
Arte-Educador
Penso que a violência não está apenas ligada à desestrutura familiar, mas principalmente pessoal. Nos desenhos e pinturas de crianças violentas, com alguma frequência observamos essa desestrutura muitas vezes representada através de um "eu" fragmentado. É claro que pessoa e família são decorrentes, alimentam-se. Mas a falta de estrutura familiar não pode transformar sempre um indivíduo num alijado social, onde só lhe resta invisibilidade, violência ou a criminalidade instituída. A desestrutura está diretamente ligada à não formação do sujeito. Em geral, num violento só há o indivíduo. Tratar a violência na escola, com a arte, parece um despropósito, mas na verdade é absolutamente coerente se pensarmos na capacidade que ela tem, de tirar indivíduos da insignificância e elevá-los à condição de sujeitos. Não há dúvidas, o contato com a arte fortalece e promove a composição de um sujeito, aliás, a arte só existe associada à subjetividade e, subjetividade é uma ação própria do sujeito. Jovens violentos, assim o são, muitas vezes, por defesa ou para se vingarem da sociedade e/ou família que os rejeita. Nos grupos que atuo com crianças e jovens da periferia social, percebo que há nelas uma premência de diálogo. A arte lida com essa urgência, com esse vazio, porque inicia promovendo conversa entre o individuo e ele mesmo e em seguida entre o indivíduo e o social.




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