Queremos uma educação voltada para o mercado ou para a inclusão? Seguir o Blog!
Todos nós sabemos que, apesar da complexidade dos desafios enfrentados pelo Brasil, determinados argumentos parecem ser compartilhados. Um deles diz respeito ao papel da educação na construção de um país mais igualitário. Em linhas gerais, acredita-se que a redução das desigualdades econômicas e sociais é diretamente dependente da garantia, a qualquer brasileiro, de acesso a uma educação de qualidade. Essa constatação nos leva a uma pergunta que deveria estar presente na pauta dos gestores públicos que usufruem do poder de decidir sobre os rumos a serem tomados pela educação de nosso país: que tipo de educação precisamos? Nos últimos anos, tenho viajado para diversas regiões do mundo em busca de experiências consistentes de educação inclusiva. Com esse objetivo, tive a oportunidade de visitar escolas que se destacam por implementar propostas pedagógicas orientadas não só pelo desempenho escolar mas também pelo acolhimento das diferenças humanas. Além de entrevistar professores e diretores dessas instituições, sempre me aproximo dos gestores públicos responsáveis pela educação da respectiva cidade ou do país. Ao perguntá-los sobre o tipo de educação que almejam, observo a existência de uma aparente dicotomia entre duas vertentes: uma que é defensora da meritocracia e do desenvolvimento de competências cognitivas voltadas às demandas tradicionais do mercado de trabalho; outra que é comprometida com a igualdade de direitos e é pautada pelo desenvolvimento de competências socioemocionais e pela construção de uma sociedade inclusiva. Em outras palavras, parece haver uma tensão binária entre a educação para o mercado e a educação para a cidadania. Tenho refletido muito sobre essa suposta dicotomia, e acredito que seja resultado de uma falta de visão. Sejam quais forem os referenciais políticos e ideológicos que nos guiam, todos somos conscientes da amplitude de demandas que nos impactam a cada instante. Somos chamados a planejar, calcular, analisar, estruturar e persuadir, e, ao mesmo tempo, somos convocados a ponderar, tolerar, respeitar, ressignificar e ceder. [ ... ]
Tags: cognição, diferenças, inclusão, relações socioemocionais









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