MENTIRA QUE VAZA

Venho pensando…as relações me parecem bem anestesiadas. Contatos interpessoais, quando muito, se mantém apenas na superfície e isolam a possibilidade de construção de sujeitos.

Me parece que há uma mentira que vaza num comportamento do “eu me basto” praticado através de olhares arrogantes ou condutas discriminadoras sobre um outro já sumariamente julgado como: “aquele que não soma” porque não tem a cor, o social, o endereço ou a idade certas. São os “invisíveis” pelo olhar de um típico discriminador contemporâneo.

Quando em grupo, esses discriminadores solitários “vestem amigos” como roupas enquanto esses contribuem para melhorar suas imagens. Estamos sozinhos.

Não desvalorizando as redescobertas de antigos amigos e alguns poucos novos contatos proporcionados pelas redes sociais, o que mais se vê e mais se pratica são “selfies” expositivos – alguns bem além da conta – e algumas informações de curtíssima duração e nem sempre confiáveis.
Nesse modelo contemporâneo que assim vem estabelecendo a relação entre pessoas, não há trocas efetivas ou ganhos verdadeiros para o conhecimento.

A arte é a bandeira que eu insisto em carregar por conter linguagens e por trazer atitudes que podem se contrapor a esse quadro tão concreto e falível. Relacionar-se com ela através de alguma de suas manifestações e linguagens, produz contatos profundos entre o indivíduo e ele mesmo. Fortalecido, por estar mais próximo de tudo que o legitima, um indivíduo é elevado à condição de sujeito, torna-se mais facilmente participante de relações interpessoais capazes de promover contato com o conhecimento de maneira consistente e verdadeiramente fértil.

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